terça-feira, 8 de novembro de 2011

Falando de Chaves...


Foto do seriado transmitido
em forma de desenho. 

Hoje pela manhã, li, "sem querer querendo", uma nota no jornal, a qual dizia que a audiência do seriado Chaves assusta emissoras concorrentes. Está ai a resposta para quando me perguntam, o porque sou fã deles.

Os personagens e seus bordões já estão na cabeça do povo. Todos assistiram os episódios disponíveis várias vezes e mesmo assim ele continua tendo uma boa audiência. Livros que contam sua história e a história dos participantes esgotaram-se várias vezes nas prateleiras das melhores livrarias.

As crianças, mesmo acostumadas com tanta tecnologia e com uma linguagem diferente da nossa época ficam encantadas com o programa. Identificam-se com o KIKO, garoto mimado, que cresceu sem o pai e lida todos os dias com a paixão de sua mãe pelo cara alto, com bigode, parecido com uma lingüiça que lhe ensina o “Be-a-ba”.

Torcem para que Sr. Barriga desvie das atrapalhadas do Chaves e querem, talvez só os meninos, um dia puxar o cabelo da chata e peste da Chiquinha- menina esta, atrapalhada, moleca, apaixonada pelo Chaves e muito amada pelo seu pai, o caloteiro Sr Madrugada.

Com esta personagem, podemos inclusive fazer uma ressalva e viajar na teoria psicanalista de Freud, e identificá-la em uma transição da fase fálica com o período de latência, onde a primeira afirma que a criança começa a se identificar com o oposto, ou seja, a sofrer o famoso Complexo de Édipo e desejar o próprio pai.

Não podemos perceber essa ligação diretamente, mas se associarmos sua idade (por volta de 6 / 7 anos), com seu amor incondicional pelo pai, a falta da mãe sua imaturidade em alguns momentos e o ciúmes que discretamente sente quando Madruga se encanta pela nova vizinha percebemos a atração.

A transição ocorrida é pela própria idade. Talvez pela falta de sua mãe, Chiquinha tenha demorado um pouco na transição de fases e ficou essa mesclagem para nós fãs telespectadores, onde inclusive, sem mostra “ a fim” de outro alguém sem ser seu pai.

As crianças desta época  podem não ser tão fãs de sanduíche de presunto ou não ter o mesmo equilíbrio com cabos de vassouras, mas também sonham com um mundo melhor. Talvez ao invés de sonharem com uma bola quadrada, hoje sonham com videogames modernos, com campos de futebol em 3D ou computadores ainda inexistentes nesta “Nova Era Mundial”.

O namorado da mãe pode ser qualquer pessoa. O desejo pelo pai pode ser diferente, mas continuam sendo crianças com necessidades básicas, que querem algo para comer, alguém para brincar, um espaço para chorar ou esconder-se por algumas horas – horas estas que a realidade pega pesado demais e ameaça destruir os seus sonhos.

Foram poucos recursos que criaram também um homem rico, dono da vila com aparência séria e gananciosa, mas com coração puro e verdadeiro (se não fosse essa última característica, Madruguinha estava na rua).

Esses poucos recursos criaram também um marinheiro que morreu durante expedição, uma senhora com aparência de bruxa, uma menina “fanha”, alunos quase obedientes, um gordinho que sofre bullying na sala de aula. Eles criaram uma vila, uma escola, vários personagens e uma linda história que ainda será contata aos meus tataranetos.

Infelizmente o elenco não tem o mesmo espírito dos seus personagens, que brigavam, se machucavam e minutos depois respeitavam a lei da “Boa Vizinhança”.  Atualmente, os que ainda vivem, esconderam-se no baú do rancor e pouco se falam, mas a essência continua no ar e sem dúvida esta foi uma das melhores criações que a cultura de massa já recebeu.


Mariane Mirandola

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