sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ei mundo,,,


Na mesma semana em que professores em São Paulo fazem greve e reivindicam não apenas aumento salarial, mas sim respeito e dignidade à profissão, situações absurdas e revoltantes nos dão “bom dia” ao nascer o sol.
Ao mesmo tempo em que uma profissional da educação, que sofre abuso e ameaças dentro da sala de aula solicita mais segurança e um aumento justo de salário, jovens, que sofrem com a falta de educação, cometem crimes, talvez, jamais imaginados por “bandidos profissionais.”
Caso a caso nos dão a plena certeza de que não queremos apenas comida. A própria canção diz que a “gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. O ser - humano precisa sim de punições, desde o momento em que ele saiba o porquê está sendo punido.
Além de nos surpreender, o homem, em sua existência, consegue ter o legítimo dom de nos decepcionar. A cada caminho escolhido, ele consegue deixar pedras e espinhos, que muitas vezes, não conseguimos desviar a acabamos sentindo a dor da pisada errada. Além da pisada errada, sentimos a dúvida e tentamos descobrir de quem é o erro. O erro é de todos, de quem pisou, de quem jogou e de quem distribuiu as pedras e os espinhos.
Discussão e revoltas sobre o que fazer com o corpo do criminoso (digo corpo, porque para mim não passa de uma matéria agindo por impulso, sem sentimento ou inteligência), talvez não leve a nada. A revolta é grande, porém o futuro nos espera. Eu não quero me dizer revoltada apenas  com a dentista morta ou com o jovem cruelmente assassinado. Eu quero e me digo revoltada com o assassinato da cultura, com o enterro da educação e várias tentativas de homicídio do respeito.
Eu me revolto com as todas as Marias agredidas por vários Marios, que após serem intimados pela Lei Maria da Penha, assassinam cruelmente, apenas pela “doce vingança”. Eu me revolto pela criança que sofreu abuso de um “homem de Deus”, pelo garoto que perdeu os pais e foi jogado em um abrigo, sem pretensão de futuro e até mesmo pela menina que queria uma boneca e acabou ganhando um filho.
Políticos correm atrás da mídia para dizer que são favoráveis a redução da maioridade penal. Fazem lindos discursos, coletam assinaturas, abraçam e beijam os eleitores e pela TV ou pelas redes sociais mandam os “sinceros sentimentos” aos familiares das vitimas. Sentimentos entres aspas, afinal, para eles o que é sentir? Será mesmo que estão no lugar do outro? Por que belos discursos ao invés de um minuto de silêncio e oração?
Em suas lindas e cultas palavras pouco falam do aumento salarial aos professores, de novos investimentos á educação.
Os corpos que cometem atrocidades já foram filhos e talvez um dia deixaram de ganhar um beijo de boa noite. Eles já foram crianças e tiveram o sonho de ser jogador de futebol trocado por uma briga de família. Já aprontaram, inclusive na escola e talvez, ao invés da chamada de atenção culparam os coleguinha e os professores, deixaram, ainda criança, inocentes serem julgados e correram para o abraço e aconchego dos pais.
Pais e mães querem o um futuro melhor aos filhos, porém poucos se lembram de dar Bom dia a eles. Querem criar homens e mulheres de bem esquecendo-se de olhar o caderno com a lição de casa. Sonham com um futuro melhor, com um Brasil da educação, com um mundo sem miséria e almejam a paz mundial, porém, brigam em casa, perdem o espaço um do outro, utilizam de palavras de baixo calão e deixam que a ganância e o dinheiro tenham autoridade máxima.
O sentimento está sendo materializado. Falar sobre amor e compartilhar giffs bonitos nas redes sociais tornou-se moda, porém, sentir-se bem e lutar para que realmente o amor aconteça tornou-se ridículo.
            Os menores têm sim que ser julgados e amparados, mas não somente pela lei e sim pela família, pelos amigos e pelo mundo. As crianças precisam de limites dentro de casa. O  mundo precisa de amor e todos, sem exceção precisam de educação, cultura, arte e dignidade para poder viver.
            Todos precisam do próximo e o próximo precisa de todos, para que assim, as pedras e espinhos jogados no caminho sejam menos dolorosas a cada pisada.  

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fotografando parte 2

Mais um post da série: Mari feliz com uma câmera na mão. Espero que curtam :D
P.S: Cliquem na imagem para ver as fotos






quarta-feira, 10 de abril de 2013

FOTOGRAFANDO...

Uma câmera na mão, uma repórter inexperiente no quesito fotografia e uma imensa vontade de descobrir coisas novas...

Deu no que deu. Clique na foto e confira algumas imagens!


terça-feira, 2 de abril de 2013

Cotidiano


                Entre as águas que corriam a Rua Fernando de Camargo, em Americana, na tarde chuvosa desta terça-feira, duas histórias me chamaram a atenção. Em um quebra-cabeça da vida, várias peças juntaram-se, uma ao lado da outra no ponto de ônibus e todas formaram o desenho ideal de seres-humanos que tem muito a contar, mas que jamais seriam pauta para um veículo de comunicação.
                Uma mulher de cabelos curtos e pretos, pele branca, e um sorriso de canto a canto da boca comemorava uma conquista. Um senhor careca, com bengala na mão, expressão de cansado e manco fingia não se importar com nada, nem com os buracos na calçada que o atrapalhavam ainda mais na caminhada. Jovens atordoados e sob efeito de álcool e drogas iam e voltavam mexendo com as pessoas no ponto de ônibus.
                - O ônibus que vai para o Romano já passou? – questionou a mulher, com aproximadamente 40 anos.
                - Eu vim atrás de emprego. Eu consegui um emprego. Agora não trabalho mais de doméstica nem em casa. Agora eu trabalho no Extra – dizia freneticamente após obter a resposta sobre o ônibus.
                Os seus olhos brilhavam de um modo surpreendente. Seu sorriso exalava alegria e parecia até mesmo um sorriso de uma criança quando ganha um brinquedo novo. Mesmo sentada balançava as pernas no banco e tinha a necessidade de repetir que havia conseguido o emprego.
                -Quanto você vai trabalhar? 6x1? – Questionava o senhor com a bengala, enquanto a mulher sorria e repetia que havia conseguido o emprego.
                -O que? Quanto eu vou ganhar? – Respondeu inocentemente.
                -Não, eu quero saber quanto tempo você vai trabalhar, quando vai folgar – Revidou o senhor, sem soltar um único sorriso ou expressão de alegria pela conquista daquela desconhecida.
                -A, eu tenho uma folga por semana e um domingo por mês. Vou ganhar setecentos e poucos reais e...
                -Nossa, o salário é baixo mesmo.
                - Mas eu tenho cesta básica em dinheiro e vale transporte. Olha, nesse emprego eu ganho vale transporte. E setecentos e poucos é melhor do que não ganhar nada em casa.
                O silêncio por alguns instantes predominou, mas o sorriso daquela mulher prevalecia. O brilho do seu olhar chegou a espantar a melancolia da tarde chuvosa e o assunto voltou-se para a vida daquele senhor.
                - Eu trabalhei muito nessa vida, agora estou afastado há mais de 20 anos. Estou tentando me aposentar pelo INSS, mas tive que entrar na justiça. É tudo muito humilhante.
                A mulher apenas olhou em sua direção e ele continuou:
-  Eu tenho problema na coluna e não posso mais operar. Fiz duas cirurgias, tirei osso daqui, coloquei ali, tenho pino aqui, já usei traqueo, quase não consigo andar e estou tentado mesmo aposentar. Eu só quero sossego. É muito humilhação ir naquelas pericias. Já contratei dois advogados e eles mentiram para mim. Agora luto para aposentar por conta própria, dei entrada com os papeis na justiça e eu mesmo vou atrás de tudo.
                O silêncio continuou, até ser quebrado pelos jovens, que sob efeito de álcool e drogas mexiam com todos no ponto de ônibus.
                - Vejam estes jovens, com tanta saúde, tanta disposição, podem fazer o que querem e estão ai, assim. Eu aqui, sonhando em trabalhar e não posso.
                O seu ônibus chegou, com dificuldade ele levantou do banco e soltou um sorriso ao dizer tchau. Parece ter desabafado, sua dor era nítida a cada passo que dava.
                A mulher do emprego de setecentos reais continuou sorrindo, agora sozinha e pela sua expressão não via a hora de poder utilizar seu primeiro vale transporte ganho no emprego.

                O homem triste com dor, talvez não veja mais estes jovens saudáveis que desperdiçam as oportunidades e muito menos a mulher de quarenta e poucos anos que conseguiu um emprego, mas com certeza, tenha em si a serenidade de que aproveitou o quanto pode e que setecentos reais, para ele pode ser pouco, mas para outros é uma fortuna e uma grande conquista.