domingo, 30 de dezembro de 2012

Adeus 2012- Foi bom conhecê-lo


Disseram-me que com o fim do ano, é preciso rever tudo que passamos nos últimos 365 dias (ou quase) e fazer um balanço se foi ou não positivo. Pois bem, para mim é sempre positivo, afinal, os erros significam tentativas e e as tentativas nos enriquecem com conhecimento.
Em 2012 eu nasci, cresci e matei várias vezes. Nasci em uma coragem incrível de encarar novos desafios, cresci na vontade de vencer e matei a bendita insegurança que acerca um pisciano sonhador.
Briguei com o sono, lutei contra o tempo, entrevistei, pesquisei, chorei (por dentro rs),senti-me ameaçada, superei a timidez (sim, eu sou tímida), matei mais uma vez a insegurança, nasci como uma universitária desesperada, cresci na ânsia de ver a luz ao fim do túnel e enfim, me formei. Encerrei um dos ciclos mais incríveis da minha vida.
            Tive que dar tchau aos blocos que mais pareciam labirintos, à cantina, ao tio do super dogão, ao frango-frito do Extra, ao Choop de Vinho, à catrata que eu sempre me enroscava (inclusive passando sem querer vale-transporte ou cartão do banco ao invés da carteirinha de acesso). Dei adeus ao elevadores que alavancavam minha agonia, à biblioteca, à sala de estudos, a lojinha onde eu sempre entrava, fuçava e nunca comprava nada, enfim, a cada detalhe que já fazia parte da minha vida.
Por incrível que pareça, estes detalhes vão fazer muita falta, mas cada um deles só tem história graças aos personagens presentes neles.  Foram 4 anos de UNO, jogo da verdade, rodas de choop, grupos de estudos, discussões para trabalho, brigas para eu entrar no elevador, desafios para eu subir de escadas. Foram 4 anos de vaquinha para o hot-dog, revelações compartilhadas com o choop, de luvas melecadas com o frango-frito e risadas, muitas risadas com nossos encontros.
 Entre Jaqueline, Mariane, Gabriel, Daniela, Raquel, Fabricio conheci bons e verdadeiros amigos.  Na companhia de cada um fui aprendendo e tentando ser um ser-humano melhor. Na companhia de cada um, fui vivenciado momentos dificeis de 2012. Com a força, o “UTA”, a conversa de todos cheguei onde estou e com sensação de que todo esforço valeu a pena.
  A história da Mariane Universitária tem sim vários personagens, todos com a marca UNIPEIRO. Todos jornalistas por amor, vocação e agora formação. A história da Mariane mulher tem muitos outros personagens, tem aqueles responsáveis pela existência da Mariane Universitária e da Mariane jornalista, porém, agora, limito-me a falar de saudade e entre estes personagens, posso dizer, que dificilmente, estou aprendendo a viver sem as caretas mais importantes do meu dia.                
 Entre os passos apressados da correia, medo e aflição, uma voz, já cansada, sempre soava ao meu ouvido e dizia para eu não me preocupar, pois tudo daria certo, já que, meu nome estava em suas orações.  Antes mesmo de ver o fim e  o “certo disso tudo”, a voz parou de falar, as caretas sumiram de uma face linda e cansada e a Rosa mais bela do meu jardim deixou que sua última pétala caisse.
Nada foi em vão, todo esforço valeu a pena, e agora, com a pura sensação de FIM, posso dizer à você minha avó, que suas orações valeram a pena.
  2013 vem ai, como sempre fiz, entregarei novamente meus desejos, medos e aflições e batalharei pela realização dos meus sonhos, porém,este ano com um pedido especial: Que as lembranças permaneçam na faculdade, mas que as amizades perdurem o resto dos nossos dias. 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

As cabras escaparam. A coragem ficou.


E no dia em que todos falavam sobre o fim do mundo, DanDan, menino dos olhos arregalados, corpo pequeno com apenas uma cueca azul, cabelos embaraçados e sorriso arteiro, mal se preocupava e queria mesmo saber como tirar as cabras do cercado.
Entre a preocupação de sua mãe em ser despejado do local em que reside há sete anos e o olhar aflito de suas irmãs mais velhas, as quais já conseguem entender a situação, o garoto, que já estava com os pés sujos de terra, foi esperto, e sem nenhum ruído tirou a trava  cercado.
Entre a conversa séria dos adultos, sobre violência, desapropriação e brigas, veio um grito:

- As cabras  saíram, corre.

Em seguida correu homem de chapéu e bigode grande, correu a guerreira que falava sobre a luta e também correu repórter e um voluntário do local, os quais estavam curiosos para ver a captura dos animais.

Em um único grito da mulher guerreira, as cabras pararam de correr. No segundo grito enfileiram-se e seguiram de volta para o cercado.

Sentado ao colo de sua mãe, Dandan assumiu aos risos que foi ele quem abriu o cercado e após os risos pela rápida fuga dos animais, a conversa voltou a ser séria, o gravador foi ligado e as lágrimas daquela mulher que trouxe as cabras de volta ameaçaram a cair quando falou da possibilidade em se separar dos filhos.

“Moça, os meus filhos comem coisas saudáveis, eles vão na escola. A menina tem 18 anos e já trabalha. Eu não quero me separar deles, mas pode ser que o conselho tutelar tire ele de nóis. A situação ta complicada, nois tamo tudo angustiado” – desabafou.

Suas mãos entrelaçaram, sua voz forte tremeu e todos que conversavam em volta permaneceram em silêncio. Suas palavras foram diferentes das quais estão acostumadas a ouvir. Foram palavras de uma mãe com medo de perder os filhos e não apenas de uma mulher com medo de ser despejada na terra onde reside há 7 anos.  

O futuro das famílias é incerto. Há quem diga que permanecerão, há quem diga que não, porém, estão na luta. Com lágrimas ameaçando a cair, abraços amedrontados e fiscalização forte em volta às residências as famílias vão plantando, as crianças vão brincando e as risadas saem quando algo inusitado, como a fuga das cabras, acontece em meio às conversas sérias.