quarta-feira, 29 de maio de 2013

O tal do João do Santo Cristo

Eu tive vontade de cantar, enquanto estava sentada naquela sala de cinema. A terça-feira era fria e chuvosa e conforme acompanhava, encostada naquela poltrona vermelha, a história de João Santo Cristo (Fabrício Boliveira), mais aumentava minha admiração pelo poeta Renato Russo.

Enquanto admiramos grandes produções audiovisuais, efeitos especiais de alta qualidade, super-heróis vencendo a luta do bem contra o mal, me apaixonei por uma produção poetizada, criada em cima de uma canção que poucos conseguem cantar até o final.

A poesia, em forma de filme, me lembrou outras canções de Renato Russo. Quando no final, os braços dos personagens principais se cruzam, deitados ao chão, lavados a sangue, por exemplo, me veio à cabeça a famosa frase “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.

Em tempo, parei para pensar, “que país é esse”?, onde um delegado persegue o pobre para ajudar ao rico. O inicio do amor de Santo Cristo por Maria Lucia (Isis Valverde) também nos remete a sensação entre “Cruz e a Espada”, onde, “um sentimento quase infantil, com medo e timidez” começa a nascer.

Entre tantas cenas fortes, de amor, poesia, desgraça e corrupção, Maria Lucia parece questionar-se, “quem inventou o tal do amor” e Santo Cristo, a cada pegada, a cada corrida contra o tempo, contra o tão sofrido destino, enquanto não revelava a verdade à sua amada, parecia pensar: “Um dia pretendo tentar descobrir, porque é mais forte quem sabe mentir . Não quero lembrar que eu minto também”.

A cada segundo uma nova canção, a piscada uma sensação diferente. Uma poesia retratada no telão, um romance dificultoso, com racismo, drogas, tráfico, preconceito, falta de oportunidade, que nos remete à questão do destino.

Poucos conseguem compor uma história com emoção, Renato Russo fez mais, compôs uma história com emoção, uma realidade que pode ser retratada na ficção e a letra de uma canção que ainda deverá ser tocada nos churrascos nos meus tataranetos. 


Vejam o trailer oficial:


terça-feira, 28 de maio de 2013

Poderia ser um conto erótico

Eis que ele surge na loja em que ela fica. Discretamente desliza as mãos pelo seu corpo esculpido. Disfarça para que ninguém perceba o ato. Seus olhos brilham ao avistá-la.
Ele a deseja fora daquele ambiente, em um lugar onde apenas os dois possam ficar.

Do seu corpo sai um pequeno suspiro ao poder, lentamente tocá-la. O brilho fixa cada vez mais no olhar, ele engole seco e mesmo com toda paixão lamenta não ter dinheiro suficiente para poder levá-la a outro lugar.

Ao deslizar suas mãos entre o corpo, ela geme. Algumas vezes chora. Ela também o quer, gosta de sentir-se tocada, gosta de ter as mãos deslizando pelo seu corpo. Quanto mais forte o toque, maior o ruído.

Ele não se conforma em ter que avistá-la apenas naquela loja. Se afoga em canções, geme baixinho e sonha, extasiado, com o ruído do seu gemido.

Esse poderia ser um conto erótico, mas é apenas o relato do sonho do amigo Julio Stevanelli em ter uma viola caipira, um instrumento que chora e geme em um sertanejo puro, de alma e sentimento!


#choraviola