domingo, 8 de maio de 2011

A culpa é do sistema

-“Com licença moça, me ligaram falando que minha filha sofreu um acidente e esta aqui. Posso ve-la? Como ela esta? Esta muito machucado? O que aconteceu? É Ela mesmo? – Questiona um pai desesperado na recepção de um hospital
-“Meu senhor, só um momento. Qual o nome dela. Sim ela esta aqui, mas o senhor não vai poder ve-la. Ela já é maior e não pode receber visitas no Pronto Socorro” – Responde a antipática recepcionista.
-“Mas moça, eu sou o pai dela. Quero ver se ela realmente esta bem. Ligaram pra mim....” – Indaga o pai.
-“ Desculpe senhor, é o sistema. Sem possibilidade...Próximo por favor”- retruca a recepcionista.







(Ficticio, porém real)

  Pois é meu senhor, tudo culpa do sistema. Um sistema criado por homens que também têm filhos e podem sofrer acidentes. Um sistema regrado por seres humanos que conseguem enxergar suas lágrimas e de longe sentir sua agonia de pai, mas que INFELIZMENTE, não podem criar algo além de lenços para enxugar suas lágrimas.
    A sua filha realmente poderia estar pouco machucada, porém maior ou menor de idade, estava precisando do seu abraço de pai.
    O senhor sabia que ela estava viva, mas não podia abraça-la e olhar em seus olhos. Não podia sentir o batiamento cardíaco daquela que tanto ama. Não pode ver sinal de vida ali, mas lhe obrigaram a acreditar que não estava morta. Que estava bem.
    Não se preocupe, isso acontece em todos hospitais. Em alguns, ainda lhe deixam papéis burocráticos como compania. Mas não vale errar o preenchimento e nem amassa-los.
    Muitos pensam que a saúde depende apenas de equipamentos cirurgicos, medicamentos, soros, agulhas, etc. Poucos sabem o quanto o calor humano, um abraço e um sorriso pode curar.
    O papel da humanização é tão importante quanto o sistema. Enquanto ele via regras, exige documentos e sustenta a burocracia, a humanização busca a cura, o conforto e o bem estar do paciente.
    Sua filha, acidentada, tem todo direito de ganhar um abraço e ouvir um “esta tudo bem” da boca de quem sempre lhe disse isso.  De quem sempre lhe acompanhou nos passeios e sempre lhe estendeu as mãos de um tombo ou outro.
    Sua filha, como demais pacientes, tem direito de saber que esta viva para a vida e não apenas para o sistema. Todos têm direito de saber que existe algo além dos exames, do soro e das agulhas. Que existe vida atrás do guarda e da recepcionista que ganha para obedecer ao sistema.
    Todos são seres humanos e como têm o direito de serem tratados como seres humanos e não apenas como parte de um sistema.

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