Na mesma semana em que
professores em São Paulo
fazem greve e reivindicam não apenas aumento salarial, mas sim respeito e
dignidade à profissão, situações absurdas e revoltantes nos dão “bom dia” ao
nascer o sol.
Ao mesmo tempo em que uma
profissional da educação, que sofre abuso e ameaças dentro da sala de aula
solicita mais segurança e um aumento justo de salário, jovens, que sofrem com a
falta de educação, cometem crimes, talvez, jamais imaginados por “bandidos
profissionais.”
Caso a caso nos dão a plena
certeza de que não queremos apenas comida. A própria canção diz que a “gente não
quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. O ser - humano precisa
sim de punições, desde o momento em que ele saiba o porquê está sendo punido.
Além de nos surpreender, o homem,
em sua existência, consegue ter o legítimo dom de nos decepcionar. A cada
caminho escolhido, ele consegue deixar pedras e espinhos, que muitas vezes, não
conseguimos desviar a acabamos sentindo a dor da pisada errada. Além da pisada
errada, sentimos a dúvida e tentamos descobrir de quem é o erro. O erro é de
todos, de quem pisou, de quem jogou e de quem distribuiu as pedras e os
espinhos.
Discussão e revoltas sobre o que
fazer com o corpo do criminoso (digo corpo, porque para mim não passa de uma
matéria agindo por impulso, sem sentimento ou inteligência), talvez não leve a
nada. A revolta é grande, porém o futuro nos espera. Eu não quero me dizer
revoltada apenas com a dentista morta ou
com o jovem cruelmente assassinado. Eu quero e me digo revoltada com o
assassinato da cultura, com o enterro da educação e várias tentativas de homicídio
do respeito.
Eu me revolto com as todas as
Marias agredidas por vários Marios, que após serem intimados pela Lei Maria da
Penha, assassinam cruelmente, apenas pela “doce vingança”. Eu me revolto pela
criança que sofreu abuso de um “homem de Deus”, pelo garoto que perdeu os pais
e foi jogado em um abrigo, sem pretensão de futuro e até mesmo pela menina que
queria uma boneca e acabou ganhando um filho.
Políticos correm atrás da mídia
para dizer que são favoráveis a redução da maioridade penal. Fazem lindos
discursos, coletam assinaturas, abraçam e beijam os eleitores e pela TV ou
pelas redes sociais mandam os “sinceros sentimentos” aos familiares das vitimas.
Sentimentos entres aspas, afinal, para eles o que é sentir? Será mesmo que estão
no lugar do outro? Por que belos discursos ao invés de um minuto de silêncio e
oração?
Em suas lindas e cultas palavras pouco
falam do aumento salarial aos professores, de novos investimentos á educação.
Os corpos que cometem atrocidades
já foram filhos e talvez um dia deixaram de ganhar um beijo de boa noite. Eles
já foram crianças e tiveram o sonho de ser jogador de futebol trocado por uma
briga de família. Já aprontaram, inclusive na escola e talvez, ao invés da
chamada de atenção culparam os coleguinha e os professores, deixaram, ainda
criança, inocentes serem julgados e correram para o abraço e aconchego dos
pais.
Pais e mães querem o um futuro
melhor aos filhos, porém poucos se lembram de dar Bom dia a eles. Querem criar
homens e mulheres de bem esquecendo-se de olhar o caderno com a lição de casa. Sonham
com um futuro melhor, com um Brasil da educação, com um mundo sem miséria e
almejam a paz mundial, porém, brigam em casa, perdem o espaço um do outro,
utilizam de palavras de baixo calão e deixam que a ganância e o dinheiro tenham
autoridade máxima.
O sentimento está sendo
materializado. Falar sobre amor e compartilhar giffs bonitos nas redes sociais tornou-se
moda, porém, sentir-se bem e lutar para que realmente o amor aconteça tornou-se
ridículo.
Os menores
têm sim que ser julgados e amparados, mas não somente pela lei e sim pela família,
pelos amigos e pelo mundo. As crianças precisam de limites dentro de casa. O mundo precisa de amor e todos, sem exceção precisam
de educação, cultura, arte e dignidade para poder viver.
Todos precisam
do próximo e o próximo precisa de todos, para que assim, as pedras e espinhos
jogados no caminho sejam menos dolorosas a cada pisada.